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A psicoterapia,
(...) O verdadeiro objecto de estudo da Psicologia Clínica é o sujeito. A este sujeito, acrescentamos um outro: o terapeuta, ou psicoterapeuta ou psicólogo clínico. Este psicoterapeuta é um ser humano. Tem as suas coisas. Também sente coisas. Também tem passado, presente e futuro. De vez em quando, lá tem um quid pro quo com a mulher, com os amigos, com o trabalho, com as finanças, com governo... bom tem as suas cenas. Também tem direito a tê-las. Mas, tem também a responsabilidade de pensá-las, transformá-las. E, para poder transformá-las, deverá fazer a sua psicoterapia pessoal (ser ele o sujeito!). Assim como, deverá ser seguido em supervisão clínica e intervisão clínica, juntamente com outros profissionais da área. O terapeuta, cenas à parte, deve estar bem resolvido. Isto porque tem à responsabilidade um sujeito. Sujeito este que procura a sua ajuda. Sujeito este que precisa de colo (um colo mental). Este sujeito, muitas vezes, está num sofrimento tal que nenhuma palavra pode definir o que sente. Às vezes, o silêncio também fala... grita, chora, enlouquece. Este sujeito, precisa urgentemente de renascer. Voltar a ser. Para isso, sujeito e terapeuta têm de se encontrar. Pela humanidade, pelas características de ambos, pela intuição, pela teoria e pela técnica, juntos constroem uma NOVA RELAÇÃO: a relação terapêutica, sã e sanígena, capaz de amar e fazer amar, criativa e criadora, molde para as relações do mundo extra-consultório.
Este encontro a dois, é uma verdadeira co-construção. O terapeuta não é o detentor da verdade absoluta. O sujeito não é o único que sofre. É uma nova relação que se estabelece. Uma relação bidireccional. Este encontro, propicia o estar com. Estar com, é estar com a pessoa. É perceber e ter-se interesse pela aquela pessoa – e isto, é fundamental em qualquer prática clínica. É sentir e desenvolver sentires múltiplos: quer paciente, quer psicoterapeuta. É escutar o outro, sem julgamentos ou compreensões precipitadas. É estar atento, é ser empático. É receber o outro e acolhê-lo de forma incondicional. Aceitá-lo. Tolerar a diferença. É também pensar com. Ajudar a que o sujeito se pense. É poder transformar aquilo que não tem nome. Dar-lhe um sentido. Potenciar a transformação. Estar verdadeiramente nesta nova relação, a relação terapêutica, sem
memória e sem desejo. Estar. Ser presença. Ser suficiente. Ter amor à verdade. A minha psicologia clínica é um encontro a dois. A sós. Para que depois, a pessoa, possa (re)começar a viver. É um renascer no útero mental do psicoterapeuta em direcção à vida que estava em suspenso, “sozinho e em relação com o mundo de todas as coisas, seres e pensamentos” (Coimbra de Matos). A minha psicologia clínica é dar as ferramentas ao sujeito para que este se torne agente da sua própria acção, actor e autor da sua própria vida. E meus caros, se esta nova relação for uma coisa à séria e de categoria, vos garanto: “seremos, para sempre, parte da vida do paciente” (Murta). (...)
∼ Palestra de sensibilização à Psicologia organizada pela Escola Secundária Leal da Câmara (2017) - "Psicologias, Psicologia Clínica: uma nova Psicologia Clínica"
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